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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

30
Jul11

A Guerra das Rosas

Pedro Salvador

Construir

 

 

 

Na crónica desta semana gostava de tratar de um tema que me tem escapando nas cronicas anteriores mas que considero de maior importância para o panorama geral do basquetebol português: a seleção nacional, que, por sinal, voltou a ser motivo de orgulho, ainda que numa competição amigável, para os amantes do basquetebol em Portugal.

Desde a chegada de Mário Palma ao leme da seleção portuguesa, tem-se sentido uma vontade de ganhar, e melhor que isso, um “cheirinho” a bom basquetebol, que na altura de Moncho López era raro aparecer.

A seleção está num processo de evolução positivo, que já não se via há algum tempo. E, melhor ainda, a mentalidade da seleção parece ser outra, já a começar pelas palavras de Mário Palma após ter ganho o Torneio de Guimarães. "Temos o objetivo de garantir que o basquetebol português está de regresso, e até agora estamos no bom caminho, temos 7 jogos e 7 vitórias e defrontámos equipas difíceis.", disse o técnico. A defesa mudou, e a mentalidade tambem. E como objectivo dessa mudança, podemos retirar 3 vitórias contra formações, à partida, superiores, vencendo por 9 pontos a seleção Angolana (possivelmente a melhor formação africana), o Irão, presente no último Mundial, por 6, e a seleção da Roménia por uns espantosos 31 pontos.

Pode-se dizer que as seleções que defrontaram a formação nacional não estavam completas, mas a verdade é que Nuno Cortez esteve ausente por lesão, pelo que os Portugueses não estavam também na sua máxima força.

Mário Palma está, neste momento, a construir. A construir uma equipa, a construir uma mentalidade ganhadora, a construir um futuro para o basquetebol nacional. E a convocatória com vários jovens nos últimos jogos (Tomás Barroso, Marco Gonçalves e Cláudio Fonseca, por exemplo).

O “estado de graça” do basquetebol da seleção quase faz lembrar o ambiênte de euforia que rondava o grupo no Eurobasket 2007.

A seleção portuguesa vai no bom caminho. Óptimo até. Boas convocatórias, boas exibições, bons resultados, tudo parece sobre rodas para enfrentar a fase adicional de apuramento para o Eurobasket '11.

Com este tipo de mentalidade, podemos novamente ir longe...

16
Jul11

A Guerra Das Rosas

Pedro Salvador

A Ameaça Vermelha

 

         O Benfica começa este defeso com uma grande mensagem de superioridade para os restantes concorrentes na Liga, assegurando contratações para a época 2011/2012, no mínimo, geniais.

         Depois de se falar da possível vinda de Gregory Stempin para o emblema encarnado, e do provável retorno das revelações da última edição da liga, António Monteiro e Tomás Barroso, que estavam emprestados ao Penafiel e ao Ginásio Clube Figueirense respectivamente, uma notícia bombástica sai novamente da Luz.

         Numa altura em que a pré-temporada está longe de começar, e as transferências estão completamente paradas para grande parte das equipas, o benfica anuncia um pré-acordo com João “Betinho” Gomes, antigo jogador do Breogán, da LEB Oro espanhola, formado no Barreirense, e mais conhecido por ser o primeiro jogador português, proveniente de um clube profissional português, a entrar no Draft da NBA. Mas a vinda do extremo português não está certa para o Benfica.

         O acordo com os encarnados, fixado em três temporadas, poderá ficar sem efeito caso chegue ao jogador, até dia 15 de Agosto, uma proposta mais aliciante vinda do estrangeiro, mais própriamente vinda da liga ACB ou da Liga Italiana. Isso poderá ser um contratempo para o Benfica, sendo que Betinho é um jogador muito reputado, que costuma entrar constantemente na agenda das equipas mais modestas das grandes ligas europeias.

 

 

         Caso o Benfica consiga assegurar os serviços de Betinho e, apesar de mais difícilmente, de Stempin, e com o retorno dos dois jovens portugueses (Barroso e Monteiro), que já provaram ter o grau de exigência e de qualidade necessário no Benfica, teremos um claro excedente de atletas para o próximo ano no plantel encarnado, a ser possivelmente agravado com a chegada de mais três ou quatro estrangeiros e com a subida dos jogadores que já não cumprem a idade de sub-20. Novamente terão que emagrecer o plantel, deixando sair jogadores que, em princípio, mais tarde se provarão capazes de jogar com regularidade no plantel encarnado.

         Toda a Liga para além do Benfica está praticamente parada ou em situação desconhecida no que toca ao mercado de transferências, mas isso pode ser devido ao facto de ainda se estar num estado muito inicial do defeso, e as equipas estão mais atentas aos seus atletas a serviço da Selecção Nacional do que propriamente à contratação de novos jogadores. Daqui a um mês estaremos com certeza num patamar completamente diferente no que toca a reforços e dispensas. Agora só contratam em força as grandes equipas.

         Impressiona, portanto a falta de nomes por parte do Porto, actual Campeão Nacional para contrapor essa assentada de nomes de qualidade dados pelo Benfica. Talvez seguindo uma política de só anunciar depois de contratar, o Porto está até agora em silêncio no mercado, falando-se apenas do regresso de outra grande revelação do último campeonato, André Bessa. Uma grande jogada no mercado por parte do Futebol Clube do Porto seria segurar Gregory Stempin. Novas contratações, isso logo se verá...

09
Jul11

A Guerra das Rosas

Pedro Salvador

Um Novo Começo

 

 

 

Senhoras e senhores, ai está, a pré-época 2011/2012. Desde já uma nova hipótese para 12 equipas provarem uma vez mais que merecem ou não estar na elite do basquetebol nacional, desta feita com duas estreias, o Barcelos e o Terceira Basquet.

Ora, seria imprudente da minha parte a falta de uma breve análise para as duas novas equipas que se juntam à ribalta. O Barcelos entra nesta Liga como equipa a acompanhar bem de perto. Um projecto vagamente semelhante ao Penafiel, com uma estrutura sólida e uma excelente base de recrutamento na região, criam neste novo concorrente uma espécie de estatuto de surpresa 2011/2012 antes ainda do inicio da nova temporada, estatuto este suportado com boas exibições na transacta temporada.

O Terceira, no meu ponto de vista, será uma equipa menos entusiasmante vendo do ponto de vista do comum adepto. Segunda equipa dos Açores nesta liga profissional, tirando partido de uma base de recrutamento bem menor e de uma equipa possívelmente menos identificada com os adeptos, em grande parte devido à menor tradição basquetebolística da região e do clube em si, terá poucas hipóteses no que toca a ser considerado um sério candidato no inicio da época.

Mas, por outro lado, poderá tirar interesse desse desconhecimento geral da maioria das pessoas, e da fuga das atenções para o vizinho Lusitânia no que toca ao basquetebol açoreano, para ser um Underdog com potencial para uma carreira interessante na LPB.

Outro factor em que o Terceira (e também o Lusitânia) tirarão certamente proveito será do facto de que, em princípio, as viagens às ilhas sejam feitas em jornadas duplas, em que uma equipa jogará no mesmo fim-de-semana com ambas as equipas da ilha Terceira, explorando os açoreanos um maior cansaço por parte dos visitantes.

Mas as novas equipas não são a única novidade da nova edição da LPB. A direção da Federação colocou em hipótese, em princípio a ser aprovada, de que cada equipa a participar na Liga no próximo ano terá que pagar 7500 euros de inscrição. Isso trará consigo um efeito catalisador na extinção das equipas que atravessam dificuldades financeiras, e diminuirá a qualidade das mesmas, sendo que dinheiro que faria parte do orçamento para salários passará para a essa taxa de inscrição extraordinária.

Outra vertente que se começa já a abordar nesta pré-época é o mercado de transferências que, apesar de ainda estar longe do auge, já começa a dar que falar. A grande dúvida deste defeso será adivinhar qual a cor do equipamento que Greg Stempin terá na próxima temporada. Pensa-se que o americano do FC Porto terá em vista uma oferta do Benfica, e poderá transferir-se para a Luz no proximo ano. Mas mais complicado ainda é adivinhar qual o futuro de uma das grandes revelações da temporada passada, o base do Ginásio, Tomás Barroso.

Apesar de pretendido por Sérgio Salvador para o novo plantel do Ginásio Clube Figueirense, a continuidade do base português emprestado pelo Benfica ao emblema da Figueira da Foz tem uma concretização difícil por motivos financeiros, sendo que o Ginásio, já com o orçamento mais baixo da Liga, está em risco de sofrer um novo corte orçamental. A excelente época de Tomás na Figueira valorizou o jovem base, e criou na cidade um largo grupo de jovens fãs. Ginásio, Benfica e Porto disputam a sua assinatura, apesar do passe pertencer aos encarnados, havendo ainda rumores de interesse estrangeiro no atleta.

Nuno Cortez e André Pinto estão possívelmente de saída da Ovarense enquanto que Nuno Manarte e José Barbosa já renovaram contrato com a formação de Ovar.

Por enquanto estas são ainda as grandes novidades no mercado de transferências. Veremos como se desenvolvem as coisas até ao início da próxima temporada...

04
Jun11

A Guerra das Rosas

Pedro Salvador

E já há fumo branco

 

 

 

            Contra todas as expectativas (inclusive as minhas), o pálido Benfica de 2010/2011 conseguiu forçar o Porto a um sétimo jogo. Para mim, isso é um factor mais passível de discussão do que propriamente mais um título para o Porto nesta temporada.

            Sim, é verdade que o Benfica era, até à passada quinta-feira o bicampeão nacional em título, e que nas últimas finais cilindrou sempre tudo e todos, e que contava com o Ben Reed, e com o Sérgio Ramos, e com o Elvis, e com o Diogo Carreira, e tudo mais. Mas, esta época, a formação da Luz foi apenas uma ténue sombra do que foi em temporadas anteriores, e do potencial que poderia ter atingido com a equipa que Henrique Vieira montou no inicio da época. E essa sombra só se transformou em luz, a meu ver, a partir do terceiro ou talvez até do quarto jogo das finais, frente ao Porto.

            Tudo bem que o Benfica ganhou a maior parte dos jogos na fase regular, tudo bem que chegou às finais, mas para uma equipa com um orçamento daqueles isso era o mínimo dos mínimos. O que impressiona, e que mudou em relação ao ano passado, foi de facto a química dos encarnados dentro de campo. O ataque destrutivo do ano passado não se viu nesta época que agora findou. Cada um jogava por si, parecia que a equipa não estava unida. Na maioria dos jogos o Benfica não ligava como equipa, e isso sentiu-se na derrota contra o Illiabum e no jogo ganho apenas por 4 pontos frente ao Ginásio, equipa provavelmente com o orçamento mais baixo da Liga, sendo que o Benfica ocupa a posição contrária em termos de orçamentos (talvez ultrapassada em pouco, precisamente pelo Porto). E só para não falar na lista de dispensados/não utilizados do plantel encarnado. Rodrigo Mascarenhas e Diogo Carreira, dois completos indispensáveis em qualquer formação nacional, tinham uma média que rondava os 5 minutos por jogo. António Monteiro e Tomás Barroso, as duas grandes revelações da liga 2010/2011, foram ambos cedidos pelos encarnados.

            Esse tipo de mentalidade criou um Benfica mentalmente enfraquecido, que mais enfraquecido ficou depois dos dois (humilhantes) jogos no Dragão.

            Mas algo mudou. De repente, o Benfica começou a ganhar e a fazer frente ao Porto. Deixou de ser uma equipa apática como tinha sido na maior parte dos jogos até então e viu-se a garra e a vontade de vencer dos benfiquistas. Fez lembrar o Benfica dos últimos dois anos, ou talvez até de outros tempos, mais recuados, lá para o início dos anos 90.

            O campeão acabou por ser o Porto, e fê-lo justamente. A equipa jogou mais, melhor, mais unida, fruto óbvio de uma grande coesão da equipa e de um orçamento mais avultado. Mas pela atitude demonstrada nos últimos cinco jogos, o Benfica mostrou que também merecia a faixa ao peito.

            Teremos agora uma interrupção que se avizinha cheia de trocas e alterações que são capazes de dar água na boca a muita gente. As equipas irão reforçar-se o melhor que podem para um único objectivo, o de campeão. Veremos para o ano quem vence...

 

 

            PS: Por motivos pessoais não me foi possível colocar a crónica no passado sábado, dia 28 de Maio. Peço por isso as mais sinceras desculpas a todos os leitores e a toda a equipa do blog Minuto Zero.

21
Mai11

A Guerra das Rosas

Pedro Salvador

O renascimento dos históricos caídos

 

 

            Parece-me já esgotante debater as finais da Liga, tal é a falta de equilíbrio entre as equipas em questão. Depois de perder por 26 no primeiro jogo, o Benfica perdeu por 33 pontos no segundo jogo no Dragão. Tal discrepância de resultados e de qualidade de jogo é para mim desmotivante e obviamente dispensa mais comentários.

            A equipa da Luz ainda se conseguiu redimir no terceiro jogo, ao vencer por sua vez o Porto em casa por uns modestos 86 - 79 pontos, mas o Porto quase que ia virando o resultado perto do fim, no que foi um encontro difícil para ambas as equipas.

            Vamos lá ver se esta vitória funciona como um wake up call para os benfiquistas, sendo que este último jogo foi, para mim, o mais aguerrido e o melhor desta final.

            Mas voltemos ao dia do segundo jogo, foi aí que aconteceu o evento que me fez redigir a minha crónica desta semana.

            Naquela bela tarde de domingo, dia 16 de Maio de 2011, depois de ver o Benfica a perder 64 -35 no início do quarto período do segundo jogo, (sim, 35 pontos em três períodos!), decidi parar de “perder o meu tempo” e fui ver as meias-finais da CNB1, que opunham a Oliveirense ao Vasco da Gama do Porto, duas equipas históricas do basquetebol nacional que nos últimos tempos têm atravessado um mau bocado.

            A Oliveirense ainda deve andar nas memórias daqueles que têm acompanhado o basquetebol nacional nos últimos tempos. Até vários problemas financeiros e directivos rasgarem a equipa ao meio e enviarem aquele que era um dos emblemas mais temidos em Portugal para a quarta divisão, esta equipa terminava sempre nos lugares cimeiros ano após ano, vencia taças atrás de taças e o Salvador Machado, pavilhão da UDO, era um inferno para visitantes, atraindo toda Oliveira de Azeméis para o seu interior em dias de jogos. Quanto ao Vasco da Gama, já não anda entre a elite há muito tempo, mas é uma potência contínua na formação e o seu nome ainda faz tremer os antigos praticantes da modalidade, devido à sua posição vencedora e guerreira dentro, e, principalmente, fora de campo (entenda-se nas bancadas), em que o seu público é um autêntico motor para a equipa e um importante desmotivador para qualquer adversário.

            Pois bem, eu entro no Salvador Machado no domingo passado já à espera daquele “burburinho de pavilhão mortiço de CNB1”, apenas interrompido pelo bater de uma ou outra bola das equipas em aquecimento. Mal sabia eu o quanto estava enganado.

            As duas bancadas do pavilhão da UDO estavam completamente lotadas, a música ecoava no interior, toda a gente a cantar pela União, excepto a comitiva do Vasco da Gama, que obviamente puxava pelos seus, e tudo isto num ambiente tal que fazia inveja a muitos pavilhões da liga.

            Mal saiu a bola ao ar assistiu-se em Oliveira de Azeméis a um jogo emotivo, equilibrado (até meio do terceiro período, quando João Abreu decidiu terminar com a igualdade), muito renhido e muito duro, mas com direito a bons pormenores técnicos, excelentes jogadas e até um afundanço, protagonizado por um jogador americano da UDO.

            No final do jogo, o 6º jogador do Vasco da Gama, o público, fez-se entoar, apoiando em força a equipa visitante e gritando um desafiador “a nossa equipa é custo zero”, fazendo alusão aos jogadores da formação presentes na equipa sénior em oposição ao plantel parcialmente remunerado e americanizado da Oliveirense, situação incomum na terceira divisão nacional, cântico esse que nem chegou para abalar a felicidade da vitória dos homens da casa, que prosseguem em frente nos playoffs da CNB1, depois de terem vencido o jogo por 89 - 58.

            Arrisco-me a dizer que com um pouco mais de soluções no banco e três americanos de qualidade, qualquer uma daquelas equipas, mas principalmente a Oliveirense, mais pela boa estrutura que já tem montada, poderia jogar facilmente na Proliga ou talvez até na Liga. 

De facto, fiquei surpreso. A Oliveirense está muito longe de ser um histórico caído, mais depressa é um histórico adormecido que mostra fortes sinais de estar prestes a acordar. E pelo resultado do primeiro jogo contra o Beira-mar talvez até já tenha acordado...

14
Mai11

A Guerra das Rosas

Pedro Salvador

 

O início do fim

 

 

 

 

 

 

               Ontem tive o prazer de me deslocar ao Dragão Caixa para ver o primeiro jogo das finais da Liga Portuguesa de Basquetebol, em que o Porto derrotou o Benfica por uns assombrosos 95 – 69. E, para além de sair do pavilhão com os tímpanos a tremer devido à atmosfera ensurdecedora no interior do recinto, devo ainda dizer que saí com uma sombra de dúvida acerca do meu conhecimento da equipa do Benfica em termos basquetebolísticos. É que eu pensava, até ontem à noite que o Benfica era Bicampeão Nacional, e ontem jogaram ao nível de uma equipa de meio de tabela, pelo que fiquei extremamente confuso.

               Os jogadores estavam completamente apáticos, as jogadas não saíam, os lançamentos eram horrivelmente selecionados, para não mencionar que pouco se fez no banco para alterar a mudança dos acontecimentos. Uma destas coisas pode acontecer às vezes a um candidato ao título, mas não todas em simultâneo, e muito menos contra o outro candidato ao título. Aliás, o Benfica ainda agora não deve saber o que é que o atingiu ontem no Dragão.

               Moncho Lopez, treinador dos azuis e brancos, disse ontem no final do jogo: "É bonito ganhar assim, mas o mais bonito é vencer no final. A diferença não tem valor para o 2.º jogo. Não ganha o campeonato quem marca mais, mas temos de estar satisfeitos porque estamos na frente, a vencer por 1-0". Eu, na minha modesta opinião de espectador, não estou de acordo.

               Em termos de classificação, o Porto ganhou ontem, adiantou-se na eliminatória, que ficou 1 – 0. Ponto. Mas em termos reais, o jogo de ontem deixou uma cicatriz de 26 pontos no Benfica que ninguém sabe se vai ser curada até ao jogo de amanhã, agravada ainda por uma má qualidade de jogo por parte dos benfiquistas desde o início das meias finais. O Benfica vence mas não convence, e agora encontrou pela frente uma equipa que vence e convence. Como resultado, creio que ontem só Greg Jenkins e, em certas alturas, Ben Reed e Sérgio Ramos jogaram bem pelo Benfica. De resto, foi um vazio de ideias na área ofensiva.

               O jogo de ontem trará uma de duas respostas por parte do Benfica para o próximo jogo: ou o Benfica se concentra e começa a jogar como equipa, de modo a apagar a má imagem deixada no primeiro jogo, ou então será outro jogo desigual, e o título (muito) mais próximo da cidade do Porto pela primeira vez desde o início da LPB.

               Pelo bem do basquetebol nacional, francamente espero que o Benfica se recomponha. Sei que o talento está lá, a experiência também, só faltam os resultados. Foi difícil ver os encarnados ontem com a equipa titular completa a jogar de forma equilibrada com Pedro Catarino, João Soares ou Diogo Correia na parte final do jogo, jogadores que, apesar de serem altamente talentosos e promissores, são ainda jovens e ainda não atingiram o pico do seu jogo.

               Esperemos que haja equilíbrio nos restantes encontros, e que se vejam excelentes jogos de basquetebol.

               Ainda a título informativo, as meias finais da Proliga perspectivam-se interessantes, e prestes a carimbar a subida para o escalão principal do basquetebol português, estão já o Terceira Basket e o Barcelos. Resta saber é quem é que vai ser o campeão...

 

 

 

07
Mai11

A Guerra das Rosas

Pedro Salvador

Com as Finais à Porta

 

 

            As meias-finais estão já bem perto do fim e as minhas previsões da semana passada ainda não falharam, e tudo aponta para que sejam 100% correctas. O Porto já está na final (eliminou ontem o conjunto de Guimarães), e tem tempo para a preparar bem, sendo que o Benfica pôs em risco o seu apuramento ao perder ontem com a Académica por 71-68, ficando a eliminatória em 2-1 para os encarnados.

            A verdade é que este Porto está a ser um autêntico rolo compressor azul e branco a passear pela Liga de Basquetebol, vencendo tudo o que é equipa, ganhando a dois adversários muito complicados nos playoffs, e perdendo apenas um jogo na fase regular, de forma muito disputada, precisamente contra a Académica de Coimbra. O Benfica, por outro lado, está consideravelmente longe do seu rival do norte: fez uma época tristonha e, apesar de ter uma alta percentagem de vitórias na fase regular da LPB, não apresentou na grande maioria das vezes um basquetebol bem orquestrado, para não referir que perdeu por quatro vezes, sendo duas dessas contra os dragões, e outra contra a Académica, o seu adversário nas meias-finais. Por sua vez a Académica fez uma boa fase regular, em grande parte devido às exibições brilhantes de Matthew Shaw e Tommie Eddie, foi a única equipa a perder um jogo nos quartos-de-final, frente ao Ginásio Clube Figueirense, e agora tenta levar a melhor sobre os encarnados nas meias.

            As duas equipas estão ao rubro, o Benfica completamente motivado para reagir ao desaire de ontem com uma vitória expressiva e a Académica embalada pelo triunfo de ontem e por ter em sua posse o factor “casa”, faz me prever um jogo fantástico amanhã no Multiusos Mário Mexia.

            Mas, lá no fundo, é indiferente. Passe quem passe, o Porto mata. O playoff podia ter mais 5 eliminatórias que aquela equipa levava tudo a 3-0. Com uma equipa bem montada, com praticamente todos os portugueses que a constituem já com internacionalizações e com um monstro do basquetebol como é o Greg Stempin, aquela equipa muito dificilmente será derrubada. Muito mais se pensarmos que, com o formato de final a 7 jogos, o Porto tem maior probabilidade de jogar em casa o jogo decisivo, sendo que ficou melhor classificado na fase regular, começando ainda a final a jogar em casa, nos primeiros 2 jogos.

            Agora basta imaginar o ambiente que estará no Dragão Caixa, se o Porto precisar de um jogo para se sagrar campeão, e a final for, digamos, contra o Benfica. As hipóteses de o visitante ganhar nessas condições são quase nulas. A pressão do público sobre a arbitragem e sobre a concentração da equipa adversária iria surgir mais tarde ou mais cedo no jogo, e basta um minuto de falta de concentração para cair um triplo e um ou outro contra-ataque e o Porto já abriu uma distância considerável no jogo.

            Caso a Académica ou o Benfica queiram ser campeões nacionais, só têm uma coisa a fazer: ganhar os primeiros 2 jogos no Porto, onde os azuis e brancos podem ainda não estar a todo o gás por ser o início da eliminatória, para ter o quarto jogo decisivo em casa, onde essa pressão do público pode beneficiá-los a eles.

            De qualquer das maneiras, espera-se uma final emocionante, com as duas melhores equipas do basquetebol nacional a medirem forças no que serão os melhores jogos da época. O topo do basquetebol 2010/2011. Resta saber quem é que enfrentará o Porto...

30
Abr11

A Guerra das Rosas

Pedro Salvador

E tudo corre como era esperado...

 

 

                        Nas últimas 2 semanas desenrolaram-se, um pouco por todo o país, os playoffs da LPB, que, como seria de esperar, deram a passagem de Benfica, Porto, Académica e Vit. Guimarães às meias-finais, e a essas quatro equipas uma hipótese cada vez mais real de sonhar pelo título de campeão nacional.

            Pelo caminho ficaram o Penafiel, o Ginásio, a Ovarense e o CAB Madeira, também como seria de esperar, caindo todas sem dar grande réplica aos 4 primeiros classificados na fase regular, à excepção do Ginásio, que ainda e sempre resiste aos adversários na altura dos playoffs, e que desta vez ainda conseguiu vencer um jogo.

            Agora a título de retrospectiva, de louvar esta época o percurso do Porto e da Académica, e ainda do CB Penafiel, estreante na Liga de Basquetebol, que realizou uma época positiva e consistente, conseguindo ainda assegurar um 5º lugar, apesar de ter sido eliminada nos playoffs por um Vit. Guimarães desfalcado (sem Kevin Jr. e Kyle Austin), e também Matthew Shaw, o MVP da temporada, sendo que Almaad Jackson, o líder do ranking MVP, deixou o basquetebol português em Dezembro. Também é importante referir, agora pela negativa, a descida de “históricos” do basquetebol nacional como são o Illiabum e o Barreirense, e o (embaraçoso) 7º lugar da Ovarense. Má prestação das equipas profissionais de Aveiro, um dos distritos mais fortes em termos de formação e com uma das maiores tradições basquetebolísticas do país.

            Agora em relação às meias-finais, e ao cerne da questão a ser debatida na crónica: Tudo, até agora, está... a correr como esperado. O Benfica ganhou. O Porto ganhou. E até me posso dar ao luxo de prever como acaba esta segunda ronda dos playoffs da LPB: o Porto ganha 3-0 em jogos, sendo que o Vitória, apesar de mais unido, sem os seus dois jogadores mais influentes tem uma tarefa muito espinhosa pela frente. O Benfica passa, mas com alguma dificuldade, possivelmente a Académica pode até obrigar a uma “negra”, mas o Benfica, como plantel mais experiente que é, deve conseguir prosseguir para a final, sendo que o 5º jogo se faz na luz onde os encarnados jogam mais à vontade.

            Aliás, se formos bem a ver, a regularidade é a imagem de marca desta Liga Portuguesa de Basquetebol, se não contarmos com a confusão pegada que foi a LPB 08/09, com jogos entre equipas da Liga e da Proliga e desistências a meio do campeonato, etc... Todos sabem que a final, a não ser que algo de muito inesperado ocorra, se disputa entre Porto e Benfica, que a Ovarense e o Vitória se apuram sempre para os playoffs, que o Ben Reed faz sempre alguma coisa inesperada e cómica no meio de um jogo, que uma equipa fecha sempre as portas no final da época (essa por enquanto, é a única surpresa da nossa Liga, qual será).

            Enquanto não houver algum investimento (investimento já está a ser realizado, embora em número insuficiente, com bons projectos a aparecer) e credibilidade no basquetebol português, teremos finais “Porto-Benfica”, a Ovarense e o Vitória vão sempre aos playoffs, o Ben Reed faz sempre alguma coisa inesperada a meio de um jogo e vai sempre falir algum clube da LPB no final da época. Oxalá me engane...

24
Abr11

A Guerra das Rosas

Pedro Salvador

          

Não Estamos Sozinhos

 

 

 

            Caros leitores, ventos de mudança abatem-se sobre o basquetebol português. Na última assembleia-geral da Federação Portuguesa de Basquetebol, foi aprovada, por imposição da legislação da União Europeia, a lei Bosman para a Liga Portuguesa de Basquetebol.

            Muito sucintamente, a lei Bosman, já vigente em muitas ligas de basquetebol (entre outros desportos) na Europa, defende que os jogadores comunitários (naturais de qualquer país da UE) contariam como jogadores nacionais em qualquer país onde esta lei se encontra activa. Essa medida seria extremamente benéfica para ligas com limite de jogadores estrangeiros (agora extracomunitários), sendo que se usufrui assim de um mercado muito mais amplo, sem no entanto exceder esse tal limite.

            Mas francamente, se analisarmos bem a questão, será que essa medida será realmente benéfica para o basquetebol português? A resposta é simples: não.

            A Federação estava de mãos atadas nesta questão, não tendo muita hipótese de escolha, sendo que a aprovação foi quase que forçada para a Liga Portuguesa de Basquetebol entrar em conformidade com as leis laborais Europeias. Mas os efeitos de tal medida são previsíveis e, infelizmente, bastante negativos.

            Primeiro, será claro que com a contratação de jogadores comunitários, a quantidade de jogadores portugueses de valor a sair para o basquetebol profissional diminuirá em grande quantidade. Isso é certo e sabido. Tivemos praticamente tantos talentos a emergir do nosso basquetebol nos últimos dois ou três anos sem Bosman, como nos dez anos anteriores, em que a Bosman estava em vigor na nossa extinta LCB. Uma liga com mais estrangeiros dá menos possibilidades para portugueses encontrarem o seu espaço e crescer como basquetebolistas.

            Ora esse facto, aliado a uma Selecção Nacional seriamente envelhecida e necessitada de uma renovação (basta olharmos para a convocatória do Eurobasket 2007 e para a ultima convocatória da Selecção Nacional pelo ex-selecionador Moncho Lopez, para constatarmos que as diferenças são reduzidas), e à progressiva perda de capacidade económica da maioria das equipas da liga, o que pode desencorajar vários futuros talentos, cria uma crise bastante grave na nossa futura Selecção, porta-estandarte do basquetebol nacional, a qual esperemos que Mário Palma consiga resolver com sucesso.

            Outro grande senão nesta lei Bosman é que de facto um grupo muito restrito de equipas portuguesas (Porto, Benfica, e possivelmente a Académica, a Ovarense e o CAB) poderá vir a beneficiar destas medidas. Devido à sua maior capacidade financeira em relação às restantes equipas, elas poderão tirar partido do mercado europeu de jogadores, com especial atenção à Espanha ou à Europa de leste. Mas vejamos: uma equipa com um baixo orçamento anual como certas equipas da liga têm não consegue comportar um jogador espanhol, croata ou francês que receba praticamente todo esse orçamento ou mais ao ano. Mas talvez uma equipa rica já tenha essa capacidade de adicionar mais dois comunitários e ainda manter a sua equipa do ano anterior mais ou menos intacta. Ou seja, traduzindo para a sabedoria popular, o rico fica mais rico e o pobre fica mais pobre. Uma liga que desde a primeira jornada distribui prognósticos entre Porto e Benfica terá um fosso qualitativo ainda maior a partir do momento em que os clubes mais ricos começarem a tirar partido da Bosman.

            Agora, não nos podemos esquecer que o Porto e o Benfica têm duas das melhores formações do país, e ver as suas equipas profissionais recheadas de jogadores estrangeiros não é com certeza a melhor maneira de incitar o jovem basquetebolista português a seguir esse caminho, o que pode bloquear a saída de novos talentos portugueses dessas equipas.

            Francamente, todos sabemos que a Bosman é má para o basquetebol, mas a verdade é que trazendo jogadores de outros campeonatos pode abrir mais portas para jogadores portugueses saírem para a Europa, e essa maior visibilidade internacional pode e tem que ser considerada como o melhor de toda esta má situação.

            Após uma reunião com os clubes para discutir este tema, a Federação Portuguesa de Basquetebol terá uma última palavra a dizer acerca deste assunto. Aguardamos por mais notícias...