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Minuto Zero

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

A Semana Desportiva, minuto a minuto!

Minuto Zero

19
Jan12

Buzzer Beater

Óscar Morgado

Fonte da juventude

 

Como já tenho vindo a salientar em crónicas anteriores, sou um grande 'indignado' com as lesões desportivas. Ver grandes atletas no mundo do desporto a não conseguirem actuar em todo o seu potencial devido a problemas físicos deixa-me perturbado: porque eles podiam chegar mais longe e o seu corpo não deixa, e porque não posso testemunhar grandiosas obras.

Não tendo tido mais do que uma lesão prolongada (pulso esquerdo torcido, 3 meses) enquanto fui praticante de basquetebol, convivi com muitos que não tiveram a mesma sorte, ao ponto de terem problemas crónicos em certas zonas do corpo. Posso dizer-vos que nesta modalidade ums sérios candidatos a lesão mais grave e impeditiva são os joelhos (não ficando atrás tornozelos e articulações). É um problema muitas vezes crónico (a nível de artrites) e cujas soluções, incluindo a cirurgia, raramente são permanentes para um atleta de alta competição.

No basquetebol, dada a constante explosividade do jogo, um joelho está sujeito a mais esforço e danos que provavelmente qualquer outra parte do corpo - além disso, não é certamente aquela que aguenta melhor esses danos e esforço. Por vezes há dores daí resultantes que são suportáveis, mas na grande maioria dos casos não são.

E na NBA (onde eu realmente quero chegar com isto), muitas estrelas e jovens de grande potencial já viram as suas carreiras terminadas ou limitadas por problemas nos joelhos: Brandon Roy, dos Portland Trailblazers, reformou-se recentemente devido a já não ser capaz de suportar a intensidade de muitos jogos da NBA, com dois joelhos cirurgicamente reparados. Estava limitado a poucos minutos por jogo e conseguia ser um All-Star, mostrando rasgos e por vezes partidas de excelência. Mas o físico falou mais alto. Na mesma equipa, Greg Oden, visto em 2008 como um quase-certo All-Star por muitos anos quando se tornou profissional, mal conseguiu ver alguma actividade consistente devido a um problema semelhante. Outra das grandes perdas da NBA deu-se com o declínio de Tracy Mcgrady, outro atleta soberbo que após muitas lesões nos joelhos apenas consegue dar minutos consistentes vindo do banco dos Atlanta Hawks...espera aí...

Ele consegue dar minutos consistentes. Eis uma excepção que se tem vindo a confirmar tarde para T-Mac. Após um tratamento numa clínica em Dusseldorf, na Alemanha com um tratamento inovador, que muito sumariamente consiste na manipulação do sangue dos pacientes (redistribuido pelo corpo após adição de alguns elementos que afectam o envelhecimento e o desgaste do corpo) para lhes minimizar o risco de lesão em zonas críticas. Na época passada, ao serviço dos Detroit Pistons, McGrady conseguiu realizar 72 jogos durante a época, algo que a última vez que tinha estado perto de alcançar ocorreu na época 2006/2007, quando ainda estava nos Houston Rockets (71 jogos).

Agora nos Hawks, e já com 33 anos, T-Mac tem sido uma opção viável e produtiva no banco de Atlanta, averbando 7,6 pontos, 3,7 ressaltos e 2,1 assistências por jogo em 19 minutos por partida. E não tardou a aconselhar outra estrela ainda maior a recorrer ao tratamento.

No Verão de 2011, Kobe Bryant, já há alguns anos atormentado por um joelho esquerdo com artrite, tinha vindo a decrescer na sua produção em campo, e muitos já o descartavam como uma força de top 3 na NBA, pelo que a sua produção vinha a diminuir desde 2008, quando foi eleito o MVP da época regular. Esta época, vai com 30,8 pontos de média, 5,7 ressaltos e 5,5 assistências por jogo, a saltar que nem um miúdo a meio dos seus anos 20.

Este é um caso de sucesso, com Bryant a vir recentemente de uma sequência de 4 jogos com mais de 40 pontos marcados. Um outro caso é o de DeJuan Blair, poste dos San Antonio Spurs, que tem tido uma carreira bem sucedida como profissional apesar de ter substituído ambas as rótulas. Com tratamentos semelhantes, podemos estar perante uma revolução positiva no mundo desportivo. Esperemos.

02
Ago11

Buzzer - Beater

Óscar Morgado

Um por todos

      Estamos a 9 de Dezembro de 2004. O local é o Toyota Center, em Houston, no Estado norte-americano do Texas. Jogam os Houston Rockets contra os San Antonio Spurs, que estão a ganhar à equipa da casa 76-68. Após um lance livre convertido dos Spurs, faltam 44.2 segundos para terminar o quarto período da partida.

      Tracy McGrady, estrela da equipa na altura, recebe a bola na reposição da linha de fundo. Já toda a gente se convenceu que o jogo terminou, excepção feita a este homem. McGrady leva a bola para o ataque, sendo defendido por aquele que é nesse ano, discutivelmente, o melhor defesa do perímetro do mundo, Bruce Bowen.

      McGrady segue pela esquerda a todo o gás. Bowen, já na linha de 3 pontos, fica num bloqueio de um jogador de Houston, que deixa T-Mac livre. O base-extremo dribla para a zona central e atira um triplo. O defesa dos Spurs ainda levanta o braço mas sem sucesso. T-Mac marca com 35 segundos para terminar, e o resultado fica 76-71, ainda a favor dos Spurs.

      Na reposição, Bob Sura faz a falta intencional sobre o jogador de San Antonio, que vai para a linha de lance-livre. Converte os dois lançamentos, e o resultado passa a 78-71, na mesma para a equipa que joga fora. McGrady leva novamente a bola. Bowen fica mais uma vez num bloqueio, desta vez de Yao Ming, e McGrady, do lado direito do campo, lança de 3 pontos mais uma vez. Desta vez é Tim Duncan que levanta o braço. T-Mac joga com o seu corpo e coloca-se debaixo do defesa, sacando a falta. A bola vai no ar com 24 segundos para jogar, e entra. Jogada de 3 pontos e falta. T-Mac à linha de lance-livre – converte. Resultado: uns inimagináveis 78-75 contra os Rockets.

Segue a partida. Barry, dos Spurs, coloca a bola em Tony Parker, que dribla até ao meio campo ofensivo e, vendo-se com dois defesas a tentar fazer falta, solta a bola para Brown, que a solta para Tim Duncan assim que se vê na mesma situação do base francês. Duncan sofre falta, e com 16.2 segundos para jogar, converte os dois lances-livres, e San Antonio respira de alívio. 80-75 para os Spurs.

     

Andre Barret, dos Rockets, repõe a bola com imensa dificuldade, até que chega a quem? Tracy McGrady. T-Mac, mais uma vez com Bowen à sua frente, sem ficar em bloqueio nenhum, força o lançamento de 3 pontos a faltarem 11 segundos…e, espantosamente, entra. O público está ao rubro e começa a acreditar que tudo é possível. 80-78 a favor dos Spurs.

      San Antonio pede desconto de tempo. Gregg Popovich está estupefacto mas desenha uma estratégia ainda assim. Barry repõe novamente, e apenas Brown, após usar dois bloqueios, está livre. Recebe a bola, e após colocar um drible no chão, escorrega e perde o seu controlo. Faltam 8 segundos. Não há mais descontos de tempo que Houston possa usar. McGrady pega na bola perdida perto da linha de fundo do meio campo defensivo e avança desesperado para o cesto contrário.

     

    Faltam 5 segundos e a estrela dos Rockets chega ao meio campo. Com 4 defesas da equipa contrária em cima dele, dirige-se ao lado direito do campo. T-Mac pode usar mais um segundo e lançar, de forma segura, de 2 pontos, empatar o jogo e tentar vencê-lo no prolongamento…mas não. Não é isso que o instinto lhe comanda, e então dispara de 3, com o Toyota Center aos berros. 3 segundos, é para a vitória…!

      E, com 1 segundo de sobra, entrou.

    Parker ainda tentou lançar de muito longe, disparando pelo campo após a reposição, mas já era tarde de mais. Os Rockets ganhariam o jogo, 81-80. Tracy McGrady passava a ser conhecido como O Homem que Marcou 13 Pontos em 30 Segundos. Este é um dos meus momentos favoritos no basquetebol, sem dúvida alguma.

      Preciso de dizer mais alguma coisa (http://www.youtube.com/watch?v=nfurCV1FDpM)?