Área de Ensaio
A Primeira Vitória dos Lobos
Regressou esta semana o rugby internacional de alto nível, e numa altura em que o Torneio das 6 Nações se aproxima do fim, muita coisa está ainda em disputa, e apesar das apostas recaírem sobre Gales, nada está ainda decidido.
Mas vamos por partes. No Sábado, Portugal recebeu a Espanha em Coimbra, em jogo a contar para o Torneio Europeu das Nações. Depois de 3 derrotas, Portugal ameaçava entrar numa espiral negativa que poderia trazer efeitos psicológicos graves. Por seu lado a Espanha vinha de uma moralizadora serie de óptimos resultados, tendo como ponto alto a vitória sobre a Geórgia. Na verdade ambas as equipas tinham muito a perder, sobretudo a Espanha que ainda ambicionava vencer o Torneio deste ano.
Na equipa portuguesa destacavam-se as ausências de Bardy e Gardener, sendo a linha defensiva composta quase em exclusivo por homens do CDUL. Já a Espanha perante tão importante partida, trouxe as principais armas de França e Inglaterra, de facto o rugby espanhol tem evoluído bastante e hoje em dia individualmente podemos considerar que são uma equipa superior a Portugal.
A primeira parte foi disputada em ritmo lento, com Portugal a acumular erros (desaproveitados pelos espanhóis) e sem grande capacidade de construir, salvando-se os pontapés de Pedro Leal.
A segunda parte trouxe maior organização ofensiva e como tal não foi de estranhar os dois ensaios, primeiro por David dos Reis e depois por Mike Tadjer Barbosa, ambos magistralmente assistidos por Pedro Leal.
No final o resultado fixou-se em 23-17 a favor de Portugal.
De positivo destaca-se a continuidade do poderio das formações ordenadas, o maul dinâmico que parece uma aposta desta equipa técnica (e durante tantos anos tivemos tantas dificuldades em defender maul’s), a exibição de homens como David dos Reis, Pedro Leal (é defesa, perde-se como formação), Francisco Pinto Magalhães e Lourenço Kadosh.
De negativo, os alinhamentos continuam a ser descoordenados, em certos momentos parece que a equipa está “ao sabor da maré” sem uma estratégia coordenada de ataque, e a exibição de Yannick Ricardo, que não tendo jogado mal, e sendo um jogador de qualidade, não parece ao nível da titularidade nesta selecção, principalmente para quem vê regularmente Duarte Cardoso Pinto jogar na Agronomia.
Enfim, é uma vitória positiva, fruto do trabalho colectivo e que deve servir de base para Torneio Europeu das Nações do próximo ano, quando se começará a definir os lugares no RWC.
O Torneio das 6 Nações arrancou no sábado com o País de Gales a receber a Itália. Os transalpinos procuravam a primeira vitória neste certame, onde apesar das boas exibições não têm logrado vencer, tendo neste momento zero pontos. Já Gales, apenas pretendia a vitória, pois são a única equipa que ainda pode chegar ao Grand Slam (torneio apenas com vitórias).
A primeira parte foi algo amorfa, sem ensaios e com a defesa italiana a evidenciar-se, embora cometendo algumas penalidades que Halfpenny tratou de converter.
No segundo tempo, a Itália não aguentou o ritmo e os ensaios de Jamie Roberts e Alex Cuthbert dilataram o resultado que acabou em uns expressivos 24-3. Destaque (mais uma vez) para Leigh Halfpenny com 10 pontos e uma bela exibição, e a possibilidade de se tornar no melhor jogador do torneio.
De seguida a Irlanda recebeu e bateu a Escócia num excelente jogou de rugby. Emotividade, boas jogadas e sobretudo um jogo agradável de ver.
A partida iniciou com a Escócia a meter um ritmo fortíssimo e nos primeiros dez minutos apenas a equipa escocesa teve bola, tendo a Irlanda defendido muito bem. Contudo a Escócia apenas conseguiu 6 pontos, e a partir daí a Irlanda tomou conta do jogo. A Escócia tanto acusou a pressão e a ansiedade, os jogadores queriam fazer tudo e tão rápido que acabavam por cometer erros, salvando-se o excelente ensaio de Richie Gray.
O último jogo desta jornada opôs a França e a Inglaterra, num dos duelos mais interessantes do rugby europeu. A França tentava a vitória para decidir tudo no último jogo em Gales, já a Inglaterra tentava continuar os bons resultados mostrando que uma equipa jovem pode mostrar serviço.
Contudo os ingleses dominaram a posse da bola e do território, e apesar de alguns erros estiveram melhor que a França que não mereceu a vitória. O ensaio francês de Wesley Fofana (uma agradável surpresa neste certame) não foi suficiente para igualar os de Tom Croft, Ben Foden e do poderoso Manu Tuilagi.
Na próxima jornada Gales recebe a França e vencendo o jogo vence também o torneio, apenas com vitórias. A França está arredada do título. A Inglaterra necessita de vencer a Irlanda em casa e esperar que a França vença Gales para poder vencer o Torneio. Itália e Escócia encontram-se para decidir que será último e levará para casa a Colher de Pau.
By Pedro Santos